Para quem não sabe, trabalho numa instituição bancária num pequeno balcão de uma vila do interior do país.
Neste momento devo fazer parte do top cinco das profissões mais odiadas. Ok, se calhar estou a exagerar, mas com coisas que ás vezes oiço, se no meio de algumas conversas de rua me perguntassem a profissão, eu preferia dizer que trabalho numa quinta de criação de porcos e que a minha função é limpar os currais. De certeza que seria melhor aceite que se dissesse a verdade, com todo o respeito por quem faça isso.
Diariamente contacto com muitas pessoas de diferentes status e, uma das situações com que lido muito são as RECLAMAÇÕES! Pois é, vivemos num país em que reclamar tornou-se banal e com os bancos já se tornou desporto. Não há coisa mais "agradável" que começar o dia com a frase "o banco roubou-me".
Quando a frase "o banco roubou-me" surge, inicia-se uma série de comportamentos pré-estabelecidos. Tenta-se acalmar o cliente para, posteriormente, esclarecer a situação. A minha táctica é começar dizendo "o banco não rouba ninguém", isto vai desencandear uma resposta rápida e exaltada, com uma série de gestos nervosos e uma data de papelinhos sobre a secretária. Nesta altura o que faço é pedir calma, pegar nos papelinhos (talões do multibanco com os movimentos da conta) e na calculadora. Ah, a calculadora é um instrumento fundamental nessas situações. Não percebo quando criticam o uso de calculadoras nas escolas, senão fossem esses preciosos instrumentos muita coisas ficariam por explicar e muitos bancos fechariam as portas.
Ora então, com os papelinhos e a calculadora na mão o que resta fazer é somar todas as saídas de dinheiro...ao fim de alguns minutos somando os gastos do nosso cliente chega-se á conclusão que... o indivíduo faz muitas refeições em restaurantes e muitas compras em lojas de roupa que são substancialmente superiores ás receitas do mesmo. Acaba por pedir desculpa, diz que vai deixar de almoçar fora todos os dias. Assim, passamos a ser os seus heróis, até ao mês que vem, quando começa uma nova saga.
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